Um olhar sobre as tensões transatlânticas e alerta para os erros estratégicos que fortalecem o eixo antiocidental

Destaque:
- “Trump acusa a UE de explorar os EUA, enquanto a Europa sonha com uma independência que não pode sustentar.”
- “Isolar a Rússia foi um tiro no pé: hoje ela se alia à China e ao Irã, enquanto o Ocidente patina.”
Análise:
A análise das tensões EUA x Europa, em março de 2025, oferece uma análise provocativa sobre o estado atual das relações entre os Estados Unidos e a Europa, com Vladimir Putin e Donald Trump como figuras centrais no tabuleiro geopolítico. Mergulhamos nas tensões transatlânticas, destacando como as posturas de Trump e as manobras de Putin estão redefinindo as alianças globais e expondo fraquezas do Ocidente.
A tese defendida aqui gira em torno de dois eixos principais: A visão de Trump de que a União Europeia foi criada para “prejudicar os EUA”, como ele declarou em 26 de fevereiro de 2025, e a busca de Putin por um acordo estratégico com os EUA que transcenda a guerra na Ucrânia.
A Europa, apesar de sua retórica de unidade, é um bloco fragmentado, incapaz de se sustentar sem o apoio americano, e líderes como Friedrich Merz, possível futuro chanceler da Alemanha, sonham com uma independência inviável…
A trágica estratégia ocidental pós-2014 de isolar a Rússia, especialmente após a anexação da Crimeia, empurrou Moscou para alianças mais fortes com China, Irã e Coreia do Norte, criando um bloco antiocidental mais coeso, e bem mais forte militarmente que a Europa.
Agora, com Trump, vemos claramente o distanciamento entre EUA e Europa aumentar a cada dia, porém esta ainda precisa de substanciais aportes americanos para continuar existindo economicamente e militarmente.
A dependência europeia de Washington em energia e defesa, e os erros estratégicos que fortaleceram adversários como a Rússia leva a um alerta: O Ocidente precisa rever suas prioridades ou arrisca perder influência global para potências emergentes.
Para ampliar o debate, consultei fontes recentes.
Um relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores de março de 2025 aponta que as tarifas impostas por Trump — como os 25% sobre aço e alumínio europeus — aprofundaram o atrito com a UE, que retaliou com impostos sobre produtos americanos como bourbon e motocicletas.
Na Ucrânia, a suspensão parcial de ajuda militar dos EUA, confirmada pela Casa Branca no início de 2025, forçou países como Alemanha e França a aumentar seus aportes, mas sem o mesmo impacto estratégico, segundo a Reuters. Sobre as alianças russas, o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) confirma que a cooperação militar entre Rússia, China e Irã cresceu desde 2014, com exercícios conjuntos e acordos de tecnologia que desafiam o Ocidente.
Dados do Eurostat mostram que a Europa ainda depende de importações energéticas, com preços subindo 30% desde 2023, evidenciando sua vulnerabilidade diante de alternativas russas como o gasoduto TurkStream, ele tem sido usado como alternativa para exportações da commodity depois que Kiev não renovou, em 1º de janeiro, o acordo que permitia a Moscou enviar gás à Europa pelo território ucraniano.

Prejudicando ainda mais a Europa em sua matriz energética, a Rússia acusou recentemente a Ucrânia nesta de ter atacado com drones um posto de distribuição de gás do gasoduto.
“Em 11 de janeiro, o regime de Kiev, para interromper o fornecimento de gás aos países europeus, tentou atacar com nove drones aéreos a infraestrutura da estação Russkaya, no vilarejo de Gaikodzor, região de Krasnodar, que fornece gás através do gasoduto Turkstream”, diz a nota, que acrescentou que todos os drones foram abatidos, sem deixar mortos ou feridos.
Opinião:
Eu desenvolvo uma análise que ecoa preocupações que nós aqui do “The Grid” sempre levantamos em nossas discussões: O Ocidente está se enfraquecendo com divisões internas e estratégias mal calculadas.
A centro-direita mundial apoia a visão de Trump de que os EUA não podem ser o caixa eletrônico da Europa — ele está certo ao cobrar que a UE pague sua parte na OTAN e pare de explorar a generosidade americana.
Friedrich Merz pode falar em independência, mas a Alemanha depende dos EUA para segurança e energia; sua retórica é mais bravata do que plano.
Por outro lado, precisamos apontar o erro de isolar a Rússia sem prever as consequências.
Empurrar Moscou para os braços de Pequim e Teerã foi um fiasco estratégico que agora custa caro. Precisamos de uma liderança ocidental que una, não que divida, e que enfrente adversários com pragmatismo, não com sanções vazias.
Trump e Putin jogam para vencer; cabe ao Ocidente aprender a jogar melhor.
Daniel Rosa (Stuanor)
Sobre o AutorDaniel Rosa é pesquisador em diversos campos do conhecimento, sendo apaixonado por Geopolítica, Inteligência e Cibersegurança. Ele utiliza técnicas de OSINT (Inteligência de Fontes Abertas) para conseguir informações que a mídia tradicional não mostra.
Fundador do projeto GridSource, conecta dados abertos à análises globais.