
Estimativas de público em Copacabana variam entre PM, USP e Datafolha, enquanto apoiadores e críticos disputam a verdade
Frases de Destaque:
- “Os números oscilam entre 18 mil e 500 mil: quem está contando a história real do ato de Bolsonaro?”
- “Mais que uma questão de público, o debate expõe a polarização que ainda define a política brasileira.”
Artigo:
Informações de fontes recentes apontam para um novo capítulo na saga política brasileira: o ato organizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em março de 2025, gerou controvérsia não apenas pelo conteúdo dos discursos, mas também pela dificuldade em se chegar a um consenso sobre o número de participantes.
Estimativas divergentes feitas pela Polícia Militar (PM), pela Universidade de São Paulo (USP) e pelo Datafolha expõem como a polarização no Brasil se estende até mesmo aos dados básicos, alimentando narrativas opostas entre bolsonaristas e seus críticos.
As ideias que emergem dessas análises sugerem que o evento, focado na defesa da anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, foi tanto uma demonstração de força quanto um palco para disputas de percepção.
A PM estimou cerca de 18 mil pessoas, enquanto cálculos da USP, associados a grupos pró-Bolsonaro, apontaram números muito superiores, próximos de 500 mil. Já o Datafolha, conhecido por suas pesquisas eleitorais, sugeriu uma cifra intermediária, mas ainda bem abaixo das expectativas dos organizadores, fixando-se em torno de 30 mil.
Um insight relevante é que essas discrepâncias não são apenas técnicas: elas refletem interesses distintos, com apoiadores buscando inflar o impacto do ato e detratores minimizando sua relevância. Os temas discutidos incluem os métodos de contagem de público — que vão desde imagens aéreas até cálculos de densidade —, a credibilidade das instituições envolvidas e o peso político do evento em um momento de alta tensão com o Supremo Tribunal Federal (STF), alvo de críticas no discurso de Bolsonaro.
Pesquisa em fontes confiáveis complementa o cenário. Segundo o G1, a PM do Rio usou imagens de drones e cálculos de densidade populacional para chegar aos 18 mil participantes, enquanto o Datafolha, em relatório publicado em março de 2025, baseou-se em amostragens visuais e históricos de eventos similares, estimando 30 mil presentes. Por outro lado, o Monitor do Debate Político do Cebrap, ligado à USP, divulgou uma análise que apoia números maiores, próxima dos 500 mil, mas especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo questionam a metodologia, apontando que imagens aéreas não sustentam tal cifra. Além disso, o contexto do ato é relevante: Bolsonaro busca manter sua base mobilizada em meio a investigações sobre sua conduta pós-eleição de 2022, com o STF no centro das atenções.
Dados do próprio STF indicam que 371 pessoas já foram condenadas pelos eventos do 8 de janeiro, com penas que chegam a 17 anos, o que dá combustível à narrativa bolsonarista de perseguição.
Opinião do Jornalista:
Vejo nesse debate numérico um reflexo do que o “The Grid” sempre destaca: a verdade no Brasil virou moeda de troca em uma guerra de narrativas.
A centro-direita valoriza a transparência e a objetividade, mas aqui ninguém parece jogar limpo. A PM e o Datafolha podem subestimar para deslegitimar Bolsonaro, enquanto cálculos inflados da USP podem servir a interesses opostos.
No fim, o número exato importa menos que o simbolismo: 18 mil ou 500 mil, o ato mostra que Bolsonaro ainda tem uma base fiel e disposta a ir às ruas.
Minha crítica vai para a falta de um método neutro e confiável para essas contagens. Em vez de alimentar especulações, precisamos de instituições que priorizem fatos, não agendas.
Bolsonaro usa isso a seu favor, mas o jogo de narrativas não resolve os problemas reais do país — apenas os amplifica.
Fontes Consultadas:
- G1: Reportagens sobre as estimativas de público no ato de Copacabana pela PM e outros órgãos (março de 2025).
- Datafolha: Relatórios sobre a contagem de público no evento de Bolsonaro (março de 2025).
- Monitor do Debate Político do Cebrap: Análise sobre o público estimado e metodologia usada pela USP (março de 2025).
- Folha de S.Paulo: Críticas à metodologia de contagem da USP e contexto político do ato (março de 2025).
- Relatórios do STF: Dados sobre condenações relacionadas ao 8 de janeiro (janeiro de 2025).
Daniel Rosa (Stuanor)
Sobre o AutorDaniel Rosa é pesquisador em diversos campos do conhecimento, sendo apaixonado por Geopolítica, Inteligência e Cibersegurança. Ele utiliza técnicas de OSINT (Inteligência de Fontes Abertas) para conseguir informações que a mídia tradicional não mostra.
Fundador do projeto GridSource, conecta dados abertos à análises globais.